* Deputada Federal de 1995 a 2002
Nesta semana em que estive acompanhando Gerárd Vergnaud em uma importante cirurgia, ao participar de uma manifestação política em Paris, contra o que está se passando no Brasil, me dei conta de que precisamos ouvir principalmente de Lula e de Dilma o que eles aprenderam politicamente, quando presidentes. Certamente aprenderam muito.
É preciso que compartilhem conosco.
Aprender é condição essencial do nosso compromisso com a vida, com nossos ideais de justiça, de democracia, de liberdade.
Percebi que essa palavra de ordem "golpe nunca mais" está vencida, pois acabamos de ter um golpe e " Diretas já" fica um brado empobrecido se não se souber o que se aprendeu com as experiências ricas de Lula e de Dilma no poder, simplesmente trazendo-os de volta.
Aprender acontece quando se vive uma situação que nos suscita a formulação de um problema. Problema entendido, aqui, como um efeito que não se sabe produzir ou uma resposta que não se sabe dar a uma pergunta.
Quem sabe realizo o que pensei vindo de Paris: vou até Lula, pois tive vínculos políticos com ele que me permitem a sinceridade de indagar-lhe – o que aprendeste nos anos de PT na presidência do Brasil?
A "sustentabilidade" no poder, segundo a experiência vivida pelo PT, implicou alianças com Deus e o diabo. Essas alianças são discutidas, questionadas, ou até já estão formuladas ideias para encaminhá-las de nova forma? Socializem-nas.
Como enfrentar o peso da força capitalista intrinsecamente associada à mídia? O que fazer para neutralizá-las no aqui e no agora? Esse capitalismo cruel que nega, na prática, a possibilidade de todos usufruírem dos bens naturais do planeta, e dos bens culturais e científicos, frutos da construção humana, ao longo da história, pois seu único norte no dia a dia é o lucro de alguns.
Diretas já, sim, mas com as aprendizagens que os últimos acontecimentos nos proporcionaram e que nos sejam explicitadas.