* Advogado, Mestre em Direito e cofundador da Associação Gaúcha dos Advogados de Direito Ambiental Empresarial
Nunca antes se torceu tanto para que um presidente não cumprisse suas promessas de campanha. Nunca antes, também, um presidente foi tão fiel a elas. A recente decisão de Donald Trump, de sair do Acordo de Paris, colocou em xeque a segurança do clima.
Os EUA, principal potência econômica, são responsáveis pela geração de 15% de todos os gases lançados na atmosfera. A não redução das emissões pelos americanos compromete o objetivo do Acordo, que deve ser rigorosamente cumprido pelos signatários para que possa ter alguma eficácia, afinal, a concentração de gases no Planeta já atinge nível que pode ser irreversível.
Há quem defenda a postura do Presidente americano questionando a própria influência das ações humanas nas mudanças climáticas, afirmando que o aquecimento global é uma falácia. Mas não é desta premissa que Trump e sua equipe partem. Eles admitem o aquecimento global e seus efeitos catastróficos, como declarou Scott Pruitt, Chefe da Agência de Proteção Ambiental, mas eles simplesmente não se importam.
A soberba de Trump dá pouca esperança de que ele mudará de ideia. Isso implica em uma responsabilidade ainda maior dos demais líderes mundiais, os quais terão que compensar essa atitude, redistribuindo urgentemente os índices de emissão de gases entre os demais 194 países signatários, e impedir que essa filosofia contamine outras nações, especialmente Rússia, Índia e China, que sempre foram influenciadas pela posição dos Yankees.
Ao contrário da fantasia retratada nos filmes Hollywoodianos, a salvação da vida na Terra não está(rá) nas mãos dos americanos. Pelo contrário, ela depende de um esforço coletivo contínuo de todas as nações que, nesta etapa, precisarão reequilibrar as consequências da insensatez do atual líder dos Estados Unidos. A boa notícia é que isso será passageiro, afinal, Trump tem prazo de validade, ainda que tenha tempo e escala suficiente para realizar um belo estrago.