* Consultor em posicionamento de marca e estratégia criativa
Cada vez que leio um novo comentário na imprensa ou nas redes sociais refletindo o descrédito generalizado com a classe política brasileira, lembro do trabalho que tenho desenvolvido com posicionamento e propósito de marcas.
Para uma marca prosperar no mercado, ela precisa gerar engajamento com seu público. E isso resulta claramente da definição de seu propósito de marca.
O propósito é a razão de ser de uma marca, expressando o que ela faz para impactar positivamente a vida das pessoas – e que precisa refletir aquilo em que a empresa por trás daquela marca autenticamente acredita.
Mas o propósito de uma empresa ou marca não pode ser "gerar lucro para seus acionistas". Claro que o lucro é fundamental para a sobrevivência da empresa. Só que ele precisa ser sempre consequência – e não causa.
Uma marca como a Apple tem como propósito a inovação. A maestria como consegue aplicar isso em seus produtos gera engajamento de pessoas interessadas em inovação – e daí vem o lucro. A mesma coisa se olharmos para a Volvo e a segurança, ou a Dove e a beleza real.
Peguemos, então, os nossos políticos, independentemente de partidos ou bandeiras. O propósito autêntico de cada uma dessas "marcas", aquilo que efetivamente os move, deveria ser realizar coisas que impactassem positivamente nossas vidas, seja nas áreas de estrutura, segurança, saúde, educação etc.
Mas a impressão que a classe política passa é de inversão desse conceito de propósito.
Ou seja, o esperado seria que a razão de ser e propósito central de um político fosse a busca da solução dos principais problemas do Brasil. E, para concretizar isso, é necessário estar no poder.
No entanto, muitos políticos passam claramente a sensação de que seu único propósito é manter-se no poder a qualquer preço. E, para que isso aconteça, precisam eventualmente nos passar a ideia de que estão empenhados em resolver os problemas do Brasil.
Em qualquer grande empresa, a definição e a identificação com um propósito autêntico leva ao engajamento com a marca.
Infelizmente, com a maioria das marcas e nomes que tocam a nossa política, ocorre o oposto.
E, em vez de engajados, a cada dia que passa nos sentimos mesmo é enganados.