* Professor e vice-presidente da Fundação de Estudos Econômicos, Culturais e Históricos do Rio Grande do Sul (FEECRHIS)
Plebiscito: palavra que assusta, mas que exalta e excita. E, por representar a autonomia de um povo através de seu poder maior, não poderia ser evocado com outros fins a não ser do bem-estar de todos.
O último plebiscito gaúcho chamado de Plebisul, aconteceu em 1º de outubro de 2016, quando 95% dos participantes votaram sim, à separação dos Estados do sul em relação ao restante do país. Tal pensamento está amparado na Carta de Intenções da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual entre outras coisas diz que: "todos os povos possuem o direito à sua autodeterminação e à sua afirmação econômica, social e cultural".
No entanto, mesmo tendo suas convicções e fundamentações baseadas na discriminação e exploração econômica que a União pratica em relação às cifras bilionárias de tributos federais arrecadados, os quais retornam de forma minguada e insuficiente para o sul, sabe-se que a proposta não deixa de ser utópica por necessitar de uma conscientização popular sobre o tema e a forma de governo que iria ser implementado, além é óbvio, de ter o seu nível de inconstitucionalidade.
Por outro lado, só o que assistimos há quase três anos de governo estadual, é uma choradeira de que herdaram um Estado falido, porém desorganizado em arrecadar mais e cobrar de quem realmente deve, com o objetivo de colocar as finanças públicas em dia.
Infelizmente, as estatais que, no passado orgulharam o povo rio-grandense e, que segundo especialistas estas liquidações não seriam suficientes para recuperar a economia gaúcha, foram vítimas de desvios e fraudes que sangraram a máquina pública até a morte, sem chances de uma sobrevida destas autarquias.
Este é um fato que não se poderia evidentemente mudar em apenas quatro anos e, talvez agora, seja tarde demais. Mas existe um ponto que devia ser levado em consideração, para que se apontassem os reais responsáveis desta sangria. Ou seja: não são apenas os dois últimos governos que provocaram tal situação desesperadora, e sim os últimos sete que, por suas escolhas e decisões equivocadas, colocaram em risco todo um patrimônio que pertencia a toda sociedade e, que num piscar de olhos deixará de existir depois de quase um século de existência.
Encaminhar proposta de plebiscito para que o povo gaúcho decida sobre o futuro do Rio Grande do Sul, pode ser um fardo que não deveria ser repassado a uma população já cansada pela ineficiência e inexistência de serviços essenciais, o que demonstra diariamente que são as consequências de quem nunca assumiu suas responsabilidades, invertendo a ordem dos fatos.
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