* Médico e Vereador de Porto Alegre
A falta de eficiência na gestão da saúde leva a que 3 em cada 10 consultas marcadas simplesmente não aconteçam. As consultas não se fazem informadas em tempo hábil para o paciente e muitas vezes são marcadas em horários e locais que inviabilizam a presença do cidadão, o índice de 30% de desperdício é muito alto, custa caro e compromete a saúde das pessoas. Neste contexto de desorganização, a falta de prioridade para os casos mais graves colabora para que filas fiquem ainda mais longas, onerando-se um sistema que mesmo se fosse bastante bem organizado, o que não acontece hoje, ainda assim precisaria de muito mais investimento nas estruturas de locais de atendimento, equipamento, suprimentos e remédios, pessoal e pesquisa.
O projeto de lei de minha autoria, aprovada na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e que aguarda sanção pelo Prefeito, obriga aos hospitais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS), que contam com serviços de referência em diagnóstico e tratamento oncológico na Capital, a possibilitarem aos pacientes diagnosticados de câncer, ou que envolvam a perda de um membro, sentido ou função, a marcarem suas consultas especializadas no próprio hospital onde foi feito o diagnóstico.
Atualmente vemos os pacientes cumprirem com consultas meramente burocráticas que postergam o início do tratamento, transformado doenças curáveis, em doenças incuráveis. Por exemplo, uma paciente diagnosticada com câncer na mama num hospital, tem que voltar ao posto de saúde para depois ser reencaminhada ao hospital onde recebe o tratamento, isto põe em risco esta paciente que pode levar até seis meses para começar a receber uma quimioterapia. O projeto também evitará que o encaminhamento para a especialidade errada prejudique o doente.
Precisamos mais eficiência na gestão da saúde, o que pode ser obtido com medidas inteligentes, com desburocratização, com o aproveitamento e qualificação de espaços que já existem, reduzindo-se desperdícios, que em Porto Alegre são absurdos.