A crença em alguns círculos políticos de que o desfecho para a crise depende do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é equivocada. Não contribui, portanto, para a defesa dos interesses dos brasileiros, nem para qualificar a política, nem para a democracia e muito menos para o enfrentamento de questões emergenciais do país. Quem tem que encontrar saída para a crise é a classe política, hoje mais preocupada em salvar a própria pele por meio de alternativas como a ocupação de cargos públicos influentes para garantir foro privilegiado. A sociedade não pode considerar normal esse verdadeiro salve-se quem puder, num momento de tamanha gravidade.
Quando a estabilidade passa a depender prioritariamente de decisões de tribunais, é porque muitas etapas importantes foram queimadas. Uma delas, a cada dia mais visível, é a renúncia de políticos e homens públicos ao dever de agir sempre em defesa do bem comum. É inaceitável que, no auge de uma crise política e econômica de dimensões inquietantes, ministérios sejam ocupados por conveniências pessoais. O presidente Michel Temer não pode consentir que a máquina pública seja usada para a promoção de ações entre amigos, muito menos para favorecer a impunidade.
A crise brasileira só alcançou os níveis atuais porque muitos políticos estão mais preocupados em se proteger da Justiça do que em cumprir com o seu papel. Isso só contribui para tornar a situação ainda mais difícil, prejudicando particularmente a parcela da população com menos condições de se defender.