* Advogado
É de consenso de todos que vivemos a pior e mais grave crise institucional da nossa história republicana. Os escândalos, delações premiadas, prisões e recentes gravações da polícia federal dão conta de que, independentemente de partido ou ideologia, a classe política está falida e segregada da sociedade que representa. Se deixou corromper não apenas pelo poder, mas sobretudo pelo lucro fácil dos milhões de reais vertidos de esquemas sórdidos de tráfego de influência ou resultado de conchavos com empresários corruptos ou oriundo de comissionamento de negociatas envolvendo patrimônio e interesse públicos. Quando nós, lesados eleitores, achamos que se chegou ao fundo do poço, descobrimos que existe um abismo ainda maior, envolvendo os caciques da política nacional, de todas as cores ideológicas e partidárias. Mas a má notícia vai além. Nada neste país poderá ser mudado sem que esse mesmo poder legislativo, corrompido e corruptor, vote as mudanças estruturais mínimas que todos nós sabemos quais são ou temos intuitivamente uma senda de sugestões do que mudar ou, ao menos, do que não pode ficar como está. Para mim, essa salvação nacional passa pela reforma da previdência, pela flexibilização da legislação trabalhista, redução e simplificação do sistema tributário, privatizações, enfim, menos estado e mais empreendedores com condições de fazer o país voltar a crescer, num ambiente competitivo e minimamente seguro. E como tudo passa pelo Congresso Nacional, não adianta ficarmos dia e noite excomungando esse ou aquele deputado, senador, presidente, etc. Afinal, são eles que tem o poder da caneta que nós não temos. O máximo que podemos fazer é demiti-los a cada quatro anos com a eleição de novos mandatários. Logo se não quisermos ficar estáticos olhando o circo literalmente pegar fogo, temos que pressionar os nossos atuais representantes no legislativo federal para que votem os projetos já em tramitação e que tocam em questões essenciais como por exemplo a reforma da previdência e da legislação trabalhista. Nada de novo até aqui, certo? Certo. Mas o ponto que eu quero mesmo salientar é que as lideranças de todos os partidos poderiam olhar com compaixão para nós, lesados eleitores e contribuintes, e ter a grandeza de buscar uma verdadeira reconciliação nacional. Poderiam deixar de lado este festival ridículo de acusações infantis, como filhos quando são pegos pelos pais ao fazer algo muito errado e passam a bradar que a travessura de um foi maior do que a do outro irmão. Ao fim e ao cabo, os dois irmãos quebraram a janela da sala, jogando bola dentro de casa. Já os políticos quebraram o país. Logo, além do castigo que cada bandido merece, os sobreviventes dessa verdadeira faxina nacional deveriam se unir, deixar as rivalidades políticas um pouco de lado em respeito a nós eleitores e contribuintes. Deveriam escolher uma agenda nacional mínima e comum a todos. Eleger um nome de consenso para liderar o país até 2018. Enfim, deveriam olhar com compaixão uns para os outros e, sobretudo, para nós eleitores. Assim agindo, os políticos resgatariam um mínimo de credibilidade e de patriotismo.