*Estudante de Direito
Cansados já estamos de tantas mazelas na política brasileira. Mas quantas vezes nos perguntamos: quando que isso começou? Onde vamos parar? O que é possível para acabar com toda essa lama?
Já dizia um nobre filósofo chamado Hermes Trismegisto: "o que está em cima é igual ao que está embaixo". Da forma como vemos nos meios de comunicação, acreditamos que o problema é apenas na linda e bela capital federal. Entretanto, às vezes não nos apercebemos que no mais pacato município do interior do Estado a podridão política pode ser ainda pior. Com absoluta certeza qualquer um de nós já deve ter ouvido nos desvios de verbas, nos apadrinhamentos políticos. Mas a grande pergunta que fica é: o que nós, o "povão", a "massa", fazemos diante disso tudo? A resposta, na grande maioria, é ficar inertes e ver as coisas andarem do jeito que estão. E ainda há aqueles que bradam pelos ares: "sempre foi assim, nunca vai mudar", ou pior, resolvem "não se incomodar, pois esses políticos são "barra pesada".
Com todo esse ativismo as instituições se fortalecem, criam coragem para atuar com destreza e maestria. Legítimos protagonistas. Enquanto o "populacho" observa com alegria e bate palmas para as reprimendas daquilo que eles mesmo deixaram crescer. Os meios para ilidir essas atitudes, politicagens etc estão diante de nós todos. Quantos de nós paramos um momento para entrar no Portal da Transparência do munícipio? Quantos de nós ficamos cientes das licitações correntes de nossa cidade? Alguns podem até argumentar que não há meios de chegar. Bom. Se o populacho não busca as informações, o óbvio é que aquele que se encontra no poder não irá compartilhar as informações. Temos todos a faca e o queijo na mão.
Mas nem tudo são pedras e espinhos. A população, de modo geral, já atuou muito em nome do bem comum. Já ouvi grandes comentários sobre os fatos acontecidos no final dos anos 90, em uma pacata cidade do centro do Estado, sobre as paradisíacas viagens dos nobres edis à cidade de Fortaleza, no Ceará. As consequências disso: uma ação civil pública encabeçada pela massa, pelo povão. Até capa do jornal Zero Hora o pacato município foi. Para os vereadores as consequências foram ainda piores: condenados a ressarcir os cofres públicos. Dali em diante, apenas um se reelegeu. O impeachment foi feito pelo povo nas eleições sequintes.
O povão, unido, não é burro, não é alienado, é, apenas, muitas vezes, inerte e medroso. Se o que estamos vendo nos meios de comunicação é apavorante, foi porque todos nós temos uma parcela de culpa e responsabilidade pelo que está acontecendo. Não fiscalizamos, não denunciamos, não fazemos nada. Somos um povo fraco. Perdemos a virtude, logo acabaremos por nos tornamos escravos.