* Médico
Um amigo e sua esposa perderam a vida. A medicina, gaúcha e brasileira, perdeu dois grandes vultos, exímios trabalhadores da saúde. Isto, no dia 15 de maio, à tarde. Mirela Jobim de Azevedo e Jorge Luiz Gross não podem mais conviver conosco. Agora, não esqueçamos, em quase todos os outros dias, inúmeras pessoas também perdem suas vidas nos denominados "acidentes" rodoviários.
Será que nunca exigiremos o imprescindível respeito pela vida de nossos cidadãos? Será mesmo que nunca teremos a segurança necessária para viver? Será?
Pergunto isto por muitas razões. A primeira, infernal, pelo tempo em que a assassina estrada que nos liga a Pelotas e Rio Grande continua sendo duplicada. Inacreditavelmente, há anos.
A segunda, também gravíssima, consiste na inexistência do transporte de cargas via ferroviária e fluvial que, apenas por existir, impediria milhares de mortes causadas pelos denominados "acidentes" que nada mais são que crimes cometidos por todos os que não se preocupam com a inexistência de transporte que não seja por caminhões e, consequentemente, pelo estado insano e deplorável das rodovias brasileiras.
É raro encontrarmos um país no mundo que não possua rede ferroviária. Raríssimo, tanto para o transporte de cargas quanto para o de passageiros. Pois nós, brasileiros, a tivemos e a destruímos.
Nossas vias fluviais, marítimas e lacustres são totalmente inaproveitadas; diz-se que apenas uma chata transportaria a carga de inúmeros caminhões, os quais deixariam de obstruir nossas estradas. Nada é feito nesse sentido. Nada, absolutamente nada. Parece que os gestores do país, em todos os níveis, nada têm a ver com a qualidade de nossas vidas. Terão a ver, então, com o quê?
Fica aqui a minha indignação. E, ao mesmo tempo, a esperança de que alguma de nossas autoridades públicas pense, um minuto sequer, na obviedade das questões que aqui descrevo. A duplicação da BR-116 – trecho Porto Alegre-Pelotas – não pode mais ser postergada. É mais um dos crimes nacionais.