* Professor universitário
Reportagem de ZH de quinta, 11 de maio, destacou a alarmante situação dos negros na Região Metropolitana de Porto Alegre. Para entender bem os dados trazidos pela importante reportagem, basta remontarmos a narrativa histórica dos negros neste país. O 13 de maio, lembrado por todos como o dia oficial da libertação dos negros escravizados neste país, diz muito pouco sobre a real situação do elemento servil levado nesta data a elemento liberto.
Para o Movimento Negro, especialmente a partir da década de 70, o dia seguinte, 14 de maio (e também o 20 de novembro), tem uma simbologia maior, pois é calcado na realidade passada e presente. Vejamos bem, ao abolir a escravidão, o Estado brasileiro, como é de conhecimento de todos, não realizou nenhuma política oficial de reinserção desses negros na sociedade brasileira. Ora, sabe-se que a população diretamente responsável por grande parte do excedente econômico produzido no Brasil foi a mão de obra negra escravizada, não bastasse isso, tudo o que foi construído neste país até meados do século 20 – igrejas, prédios públicos, prédios culturais e outros – teve o sangue e o suor do negro escravizado.
Quem anda pela Rua da Praia, em Porto Alegre, sente a energia presente nos antigos prédios da contribuição do elemento servil. É inegável a presença negra na construção do Estado do Rio Grande do Sul e da cidade de Porto Alegre. Contudo, a ausência de reconhecimento dos negros no nosso Estado têm sido a tônica, especialmente, no mercado de trabalho e no tratamento institucional público, reconhecidamente o que mais promove o racismo institucional, ou seja, exerce um tratamento não isonômico para com os negros.
Quais seriam as soluções? Primeiramente, tanto o Estado quanto a sociedade teriam que realizar esforços para combater os males presentes, ainda, de um processo histórico de "subordinação" e "acomodação" do negro. Em segundo lugar, teríamos que promover políticas específicas para essa população, seja através da ampliação das cotas raciais nos cargos públicos, ou mesmo um tratamento que promovesse a participação do negro na condição de empreendedores. Por fim, é importante um papel maior das universidades e das instituições de Ensino Superior na discussão do fenômeno do racismo para com o negro, promovendo, assim, a conscientização daqueles que serão as lideranças da nossa comunidade política.
Destaca-se que o racismo não é um problema do negro, mas também do branco e dos demais grupos étnicos, os quais vivem na Região Metropolitana de Porto Alegre.