O terremoto político enfrentado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, no quarto mês de seu mandato chama a atenção para o quanto o Brasil está à frente dos Estados Unidos sob o ponto de vista da transparência em investigações no âmbito da máquina pública. Nenhum governante brasileiro ousaria trocar o comando da Polícia Federal em meio a uma investigação, como fez o ocupante da Casa Branca ao demitir o responsável pelo FBI, depois de tentar pressioná-lo e, posteriormente, ter até mesmo revelado informações sobre segurança nacional a diplomatas russos.
Nos Estados Unidos, o diretor do FBI, indicado pelo ex-presidente Barack Obama, foi demitido sob a acusação de ser um "fanfarrão". No Brasil, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff, foi mantido no cargo pelo sucessor, Michel Temer. Em ambos os países, o cenário político é de turbulência – parte expressiva dos integrantes do governo brasileiro é citada no âmbito da Lava-Jato, enquanto o dirigente norte-americano já enfrenta ameaças de impeachment. O posicionamento frente aos fatos, porém, ocorre de forma distinta.
A exemplo do que vem fazendo o presidente dos Estados Unidos, também no Brasil há políticos que insistem em tratar a mídia com descrédito, por aceitarem apenas o que consideram a sua própria verdade. Em qualquer país livre, o importante é que a imprensa independente não se renda a esse tipo de pressão.
No Brasil, a Operação Lava-Jato já contribuiu para reafirmar que as instituições agem com independência e não se deixam submeter a interesses externos. A sociedade brasileira não admite mais quaisquer subterfúgios de homens públicos que tentam interferir em investigações e no curso de processos judiciais.