O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, lembrado hoje, é um momento importante de reflexão sobre este pressuposto básico da democracia: a plena liberdade de informação, da qual ainda se beneficia apenas 13% da população mundial. Mesmo em nosso país, onde as instituições vêm sendo desafiadas pela crise política e econômica e pelo recrudescimento do combate à corrupção, mas se mantêm funcionando, persistem ameaças de todo tipo, que reforçam a necessidade de vigilância total e permanente por parte da sociedade. Segundo país mais perigoso para a atuação de jornalistas nas Américas, depois do México, o Brasil não pode abrir mão da busca da verdade e da diversidade de opiniões que, à custa de muita perseverança, caracteriza a atuação de seus veículos de imprensa.
O fato de a comunicação livre estar neste momento sob ataque não apenas em países constantemente vitimados por surtos autoritários, como é o caso da Venezuela, da Turquia e da Rússia, entre tantos outros, mas até mesmo nos Estados Unidos, onde sempre foi vista como um valor, não pode ser encarado como consolo. No caso específico do governo Donald Trump, porém, as ameaças chamam a atenção para o quanto governos populistas têm pouco apreço pela liberdade, não hesitando até mesmo em tratá-la com escárnio. Quem briga com fatos tem dificuldade para aceitar o papel de vigilância exercido pela mídia nas sociedades evoluídas.
Mesmo diante de seu mais longo período ininterrupto de democracia, o Brasil segue hoje às voltas com constantes e crescentes ameaças nessa área. Entre elas, estão desde ações como quebras de sigilo da fonte – violando uma garantia constitucional – até frequentes episódios de censura prévia no âmbito judicial. A essas arbitrariedades, somam-se ameaças orquestradas com o nítido objetivo de limitar a atuação de profissionais comprometidos com o bom jornalismo – os que apuram com independência e isenção para veicular informação de confiança. Dessa guerra, fazem parte conteúdos típicos da chamada pós-verdade. É o caso das fake news, disseminadas sem qualquer controle pelas redes sociais e mesmo por conglomerados digitais, apesar dos alertas de entidades do setor, como a campanha "Nunca se precisou tanto da imprensa".
A saída contra o ódio, a mentira e mesmo notícias falsificadas com o objetivo até mesmo de influenciar decisões eleitorais não é menos informação – questão que ganha relevância especial nesta data. O que garante uma imprensa livre é o fortalecimento de veículos que têm na credibilidade o seu maior patrimônio, calcada na permanente busca da verdade e da pluralidade de opiniões.