Os últimos episódios da política conduziram o país para um patamar inédito de indignação e descrença. Uma lista enorme de pessoas, dos mais diversos partidos, aparece associada a atos de corrupção. Há que se ter cautela, pois centenas de investigações ainda estão começando. Os indícios são fortes, mas somente a Justiça poderá dizer se eles representam a verdade. No entanto, a população anseia por respostas. Está cansada da velha política e dos acordões. Quer atitudes efetivas para combater as práticas espúrias e restaurar a confiança nos agentes públicos.
A classe política, especialmente, precisa fazer uma inflexão com urgência. Não basta mais que apontemos os dedos para o lado. Temos de olhar para nosso umbigo e exercer a devida autocrítica, tomando iniciativas que restabeleçam a credibilidade no sistema político e fortaleçam as bases da democracia.
Nesse sentido, o Partido Progressista do Rio Grande do Sul marcou posição na última convenção nacional. Em discurso do presidente Celso Bernardi, firmamos nosso total apoio à Lava-Jato, às medidas de combate à corrupção e ao fim do foro privilegiado. Defendemos ainda a reforma política, com a cláusula de desempenho, o voto distrital misto e o fim das coligações proporcionais.
Somos contra o voto em lista fechada, que apenas tornaria o sistema mais viciado – ao aumentar a distância entre representantes e representados e reforçar o poder dos donos dos partidos. Ora, a sensatez nos indica exatamente o caminho oposto. Se a conexão da população com os eleitos já está por um fio, imaginem como ficaria quando os votos forem em uma sigla, e não em uma pessoa. Estudos da Universidade de Yale mostram que esse sistema é o que registra, pelo mundo afora, os mais altos níveis de corrupção.
Fazer política não deve ser motivo de vergonha. Aqueles que a envergonham é que precisam ser repelidos, respondendo aos rigores da lei, seja qual for sua bandeira. Não podemos ter corruptos de estimação: a régua moral que mede os outros deve também medir os nossos, sem exceções. A hecatombe que vivemos hoje no país tem de servir como oportunidade para uma grande depuração. Em vez do desânimo, tenhamos iniciativa e coragem de mudar. A hora de agir é agora.