Em área controlada pelos rebeldes, o governo sírio promoveu ataque com armas químicas. Morreram em torno de 100 pessoas, sendo 27 crianças.
Líderes globais condenaram a ação. Em retaliação, os Estados Unidos, lançaram 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea na Síria.
A opinião pública, em sua maioria, apoiou a decisão do presidente Trump.
Fora uma intervenção humanitária. Mas alguns afirmaram que o ato do Estados Unidos lesou o direito internacional.
Porta-voz do governo russo informou que "o presidente Putin acredita que o bombardeio dos EUA contra a Síria é uma agressão contra um Estado soberano em violação às normas do direito internacional." A Coreia do Norte também se opôs. O Japão silenciou.
Chanceleres do Mercosul e da Aliança do Pacífico, em nota, condenaram "crimes de lesa-humanidade que vêm sendo cometidos na Síria" e respaldaram as "ações que os previnam". O Brasil não assinou a nota. O chanceler Aloysio Nunes afirmou que o Itamaraty manifestara preocupação com a escalada do conflito e consternação com as notícias de emprego de armas químicas.
O Itamaraty, na ONU, pediu que "sejam conduzidas investigações abrangentes e imparciais" que "levem à apuração dos fatos e à punição dos responsáveis". No mais, Aloysio afirmou que o Brasil condena "o uso unilateral da força sem a autorização das Nações Unidas".
Eis a questão: o bombardeio foi legítimo ou houve violação intervencionista ao território sírio? Como devemos encarar tal conduta?
Isso nos leva a meditar sobre a guerra, seja ela convencional ou assimétrica.
No cristianismo, o radicalismo inicial rejeitava a guerra e a qualificava, sempre, como pecado.
Santo Agostinho opôs-se: "Costumamos definir como guerras justas aquelas que punem as injustiças, por exemplo, castigar um povo ou uma cidade que foi negligente na punição de um mal cometido pelos seus, ou restituir o que foi tirado por violência".Santo Tomás de Aquino também se opôs à posição da escolástica medieval. Francisco de Vitória, na mesma linha, sustentou que "a diferença de religião não pode ser uma causa para a guerra justa. ... a única causa justa para fazer a guerra é quando algum mal foi cometido".
Já o realismo pragmático ressuscitou a expressão latina "arma silent leges" (as armas silenciam as leis). Para este, tudo se justifica pelo interesse nacional – poder e riqueza, hoje e amanhã. O dilema posto com o bombardeiro na Síria é difícil. A continuação da guerra na Síria é legítima, desde que as partes não ultrapassem certas regras? Mas a continuidade da guerra decorre da intervenção, direta e indireta, de potências estrangeiras (Estados Unidos, Rússia etc.).
Estas não têm responsabilidade?