Ser empresário, no Brasil, não é nada fácil. Significa não só enfrentar dificuldades burocráticas e econômicas, como também estar submetido a uma rotina insana de decisões de alto impacto no seu negócio, e sobre as quais não tem ingerência, cujo único objetivo é transferir às empresas e aos cidadãos o custo de uma máquina pública assistencialista e pesada. Vejamos um exemplo: em uma semana, o Supremo Tribunal Federal proferiu uma decisão favorável ao contribuinte, reduzindo a base de cálculo de alguns tributos. Entretanto, já na semana seguinte, como medida compensatória, o governo federal extinguiu a desoneração da folha de pagamento de vários setores. Lembro esses dois casos para reforçar que é questão de sobrevivência empresarial avaliar todas as possibilidades para não correr o risco de perder oportunidades.
No exemplo acima, o contribuinte que ajuizou a ação conseguiu uma vitória, reforçando a máxima de que os benefícios são destinados a quem procurar os seus direitos. Já os setores atingidos pela desoneração não tiveram a mesma chance, pois a busca pela compensação da perda de receita dos Estados e da União alcança a todos. Mais do que nunca, é preciso manter-se atento às oportunidades que possam produzir algum alívio. Há casos de empresas que perderam recursos por não terem requerido, via judicial, créditos a receber. Situações como essas não podem ocorrer quando a geração de caixa já está ameaçada por dificuldades imensas de todos os lados. E nunca é demais lembrar que a concorrência também está em buscar redução de perdas.
Para os que são formados na dura realidade do mercado brasileiro, gerir crises é parte fundamental do negócio. Entenda-se que gerir crises significa olhar para o negócio como um todo, avaliando detalhadamente e com seriedade todas as oportunidades de melhorias, para vencer os contratempos impostos por uma economia com problemas complexos como a nossa. Por óbvio, mesmo com esforço, não há uma receita única. Cada empreendedor deve descobrir a sua forma de lidar com os obstáculos. O que todos sabemos é que há espaço para ideias inovadoras que explorem na plenitude todas as possibilidades. Precisamos criar novos e melhores caminhos. Se o Brasil dificulta, os empreendedores brasileiros encontrarão alternativas.