Principal via de acesso ao sul do Estado e única ligação entre a Capital e o porto de Rio Grande, a BR-116 está transformada num canteiro de obras inconclusas, numa armadilha letal para os usuários, num entrave ao desenvolvimento dos municípios da região e num símbolo de desperdício de recursos públicos. Todas essas mazelas, reunidas num trecho de pouco mais de 200 quilômetros de estrada, justificam o clamor dos gaúchos junto ao governo federal para que a duplicação da rodovia seja retomada e concluída com o máximo de urgência.
Já era para estar pronta. Iniciada em 2012, a obra vem se arrastando em ritmo irregular, tendo entrado em marcha lenta no ano passado devido ao contingenciamento de recursos por parte do governo federal. Agora está devagar, quase parando, o que motiva a atual mobilização suprapartidária dos prefeitos dos municípios diretamente interessados e também das demais forças políticas do Estado, incluindo os parlamentares federais. O Rio Grande deixa de lado o histórico grenalismo para se unir em torno de um pleito imprescindível e inadiável.
Por que é inadiável? Em primeiríssimo lugar, porque a cada dia que passa mais vidas são exterminadas numa rodovia tão sobrecarregada de tráfego, que as colisões frontais já se tornaram rotineiras. E esse, como se sabe, é o tipo de acidente que mais gera mortes e mutilações. O argumento humanitário, portanto, precede a todos os demais.
Mas as razões econômicas também precisam ser consideradas. A BR-116 é essencial para a economia da metade sul do Estado, é o canal de escoamento da produção agrícola e principal ligação das áreas mais industrializadas com o porto de Rio Grande. A maioria dos produtos destinados à exportação tem que enfrentar o gargalo da estrada sobrecarregada antes de chegar aos navios.
Há também uma questão relacionada à própria infraestrutura da obra. Os sucessivos adiamentos estão provocando a deterioração dos trechos já liberados para o tráfego, o que configura desperdício de recursos públicos. Por aí se percebe que o atraso na conclusão de uma obra tão importante não se deve unicamente à escassez de recursos, mas também, e principalmente, à má gestão. Portanto, no momento em que o Rio Grande une suas forças políticas e econômicas para promover uma nova campanha pela duplicação da BR-116, o aspecto gerencial não pode ser negligenciado.