O ano de 2017 começou demonstrando a força das mulheres na luta por direitos. Em janeiro milhões de pessoas foram às ruas, nos Estados Unidos, em protesto contra Trump. Março será um mês importante nas mobilizações feministas, a começar pelo dia 8, o Dia Internacional da Mulher, que terá protestos no mundo inteiro e uma greve global de mulheres contra a violência e por mais direitos.
No Brasil também temos muitas lutas para travar. O governo Temer prepara uma série de ataques contra o povo, que vão pesar de forma mais dolorosa sobre os ombros das mulheres. A reforma da Previdência pretende aumentar a idade mínima para a aposentadoria das mulheres, penalizando ainda mais quem sempre adotou uma dupla jornada para conciliar a vida doméstica com a vida profissional. O mesmo vale para a reforma trabalhista, que vai fragilizar as relações de trabalho e prejudicar muitas trabalhadoras, que já convivem com uma realidade de desigualdade salarial em relação aos homens. As mulheres negras são ainda mais discriminadas, com salários mais baixos e empregos mais precários.
Nós, mulheres, travamos muitas batalhas cotidianas, combatendo o machismo onde quer que se apresente. Fazemos isso ao dizer que a responsabilidade com os afazeres domésticos e com a criação dos filhos também pertence aos homens. Eles devem não só ajudar as mulheres, mas assumir estas tarefas de igual para igual. É uma disputa por uma nova cultura que principalmente as meninas já estão fazendo.
Precisamos de políticas públicas que nos possibilitem a participação na vida política e a nossa autonomia enquanto pessoas. Isso passa pela construção e abertura de vagas em creches públicas de qualidade e que funcionem à noite. Quem não tem a sorte de contar com o apoio da família acaba tendo que abandonar os estudos ou deixar de trabalhar por não ter onde deixar seus filhos. Isso gera dependência e alimenta ciclos de violência.
O movimento feminista faz parte do esforço de construção de um outro mundo, onde, como disse Rosa Luxemburgo, "sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres".