Reformas já não bastam. A Previdência Social deveria cuidar dos milhões de pobres deste Brasil, mas a realidade é bem outra. Enquanto uma minoria usufrui de aposentadorias e pensões razoáveis ou altamente remuneradas, cerca de 70% dos benefícios são iguais ou menores que um salário mínimo, mais de 30 milhões de pobres estão fora do sistema e, pasmem, quase 20% dos idosos não têm qualquer proteção previdenciária.
Enormes estruturas voltadas, mesmo que em parte, para os estratos superiores de renda, custeadas pelo empregado e pelo empregador através de um arcaico e complexo sistema de contribuições diretas, anotações, controles, comprovações e outros tantos castigos aplicados a quem ousa contratar um trabalhador. Consequência inevitável a informalidade (em torno de 45% da força de trabalho), dívidas incobráveis, enxurrada de ações judiciais, profusão de isenções, vazamentos, fraudes, falsificações, elisões etc. Aliás, o "consumo" do trabalho é onerado com uma carga tributária direta superior a 40%, da mesma forma como são aplicadas elevadas alíquotas de impostos sobre produtos cujo consumo deva ser reprimido. Desatino completo.
Por que não simplificar? Por que não eliminar as punições ao empregador? Por que não reduzir os escandalosos custos e desvios? Por que o atroz deboche da exigência de pagamentos e comprovações individuais feita ao pequeno agricultor, ao trabalhador por conta própria e à dona de casa pobres? Por que a exclusão de pobres, se hoje quase 50% dos recursos da seguridade social são provenientes de tributos sobre o consumo e lucros, pesadamente suportados por eles? Por que o pobre precisa provar que é indigente para receber a aposentadoria por idade sem a contribuição individual?
Por que não implantar a aposentadoria automática de um salário a todo brasileiro com renda inferior a um determinado nível, sem qualquer outra exigência que não a idade e como fonte a arrecadação geral de impostos?