A travessia até as eleições de 2018, seja por uma ponte ou pinguela, é o grande desafio para todos.
As medidas econômicas do governo apontam para recuperação. A economia começou a prenunciar a inversão na curva da recessão. A inflação reduziu.
Os juros estão em linha de queda. A taxa de crescimento dá sinais. Inicia-se uma recuperação cíclica que indica para o crescimento. Os investidores começam a ter confiança.
A economia vai na direção certa.
A par disso, precisamos de estabilidade política para chegarmos às eleições de 2018.
Eleições antecipadas, gerais ou presidencial – mandato novo ou tampão –, não são adequados para este momento.
Escrevemos sobre tais hipóteses, suas inconveniências e impossibilidades materiais.
Precisamos assegurar a travessia até 2018. Precisamos da ponte ou da pinguela.
O governo Temer acerta na economia. Recebe duras críticas na política.
Afirma-se que opera com a velha política, pois negocia acordos partidários com cargos e funções. Essas críticas se omitem ao não apontar qual deveria ser a forma eficaz de entendimento. Elas desconsideram as circunstâncias políticas em que vive o governo.
Deveria romper com os partidos? Deveria voltar as costas para o Congresso Nacional? Deveria o presidente afirmar-se por sobre e sem base política alguma?
Os críticos esquecem da regra: em política não se escolhe o interlocutor.
Os interlocutores são aqueles que estão aí, que estão na mesa e na gerência das instituições. Lá chegaram pelo voto e pelos meios constitucionais. Não se governa negando o entorno.
Podemos – claro – criticar, e com razão, o estado da política, suas distorções, malfeitos, falta de grandeza etc. Mas tem-se que viver, conversar, governar e agir com o que se tem.
Desconhecer isso é ficar só com o discurso. É não ter compromisso com soluções. É caminhar para e com o irrealizável. É aguçar e provocar problemas.
É o autismo em política.
Cruzar o curto prazo é condição para chegar ao médio e assegurar o longo prazo.
O governo depende de sólida maioria parlamentar para implementar reformas e desenhar um horizonte futuro.
Decidir e executar, de forma isolada e autárquica, é coisa de ditadura.
Para chegarmos, de forma razoável, em 2018, precisamos de "consertação".
As forças políticas têm que pactuar uma travessia, sem renunciar a suas posições e pretensões. Não se constrói o futuro com a retaliação do passado e com a destruição do presente.
Ou queremos um "Trump Caboclo"?