Ainda não há motivo para euforia, mas os dois principais fatos econômicos de ontem merecem ser celebrados pelos brasileiros como indicativos de que o país finalmente começa a superar a recessão. O primeiro foi a divulgação pelo IBGE da inflação oficial do ano passado, dentro da meta estipulada pelo governo e abaixo das previsões do Fundo Monetário Internacional, do mercado financeiro e do próprio Banco Central. O segundo foi o já esperado corte na taxa básica de juros, o terceiro consecutivo determinado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. São sinais claros de que o país, com a mudança de governo e com as medidas de austeridade que vêm sendo implementadas, está no caminho certo para vencer a recessão e retomar o crescimento econômico.
É importante observar que os fatores da instabilidade ainda não desapareceram. Há dúvidas sobre a continuidade da crise política no país, sobre as novas denúncias da Operação Lava-Jato, sobre o avanço das reformas em tramitação no Congresso e até mesmo sobre os efeitos da troca de governo nos Estados Unidos. Todos esses fatores podem mexer com o humor do mercado e provocar estagnação nos negócios. O cenário, portanto, ainda recomenda cautela, tanto de parte do governo quanto dos agentes produtivos, mas o ano começa com melhores perspectivas.
Juros mais baixos representam estímulo para a economia, que precisa ser reativada para atenuar o desemprego e os danos sociais dele decorrentes. Além disso, significam despesa menor com a dívida pública. Cabe lembrar, porém, que a taxa brasileira continua elevada na relação com os padrões internacionais e não pode ser reduzida rapidamente para não prejudicar o combate à inflação.
A economia brasileira ainda navega em águas turbulentas, mas parece, pelo menos, ter encontrado o rumo.