Foi contundente o pronunciamento de despedida do presidente norte-americano Barack Obama na última terça-feira, em Chicago, onde começou sua carreira política. Em discurso emocionado transmitido para todo o país, Obama pediu aos americanos que se unam para lutar contra deformações que ameaçam a democracia, notadamente o racismo e a discriminação de minorias. De certa forma, foi também uma advertência sobre o risco que representa seu sucessor, o presidente eleito Donald Trump, reconhecido pelo pouco apreço a questões de gênero e direitos das minorias.
Primeiro presidente negro na história dos Estados Unidos, Obama sai lamentando que o racismo continua vivo no país e que ainda há muito trabalho a ser feito para eliminar preconceitos, especialmente contra imigrantes. Mas também sai contabilizando avanços perceptíveis. Num breve balanço, o democrata lembrou que, se há oito anos tivesse prometido que o país deixaria para trás uma grande recessão, abriria um novo capítulo com o povo cubano, encerraria o programa nuclear do Irã, conseguiria a legalidade do casamento homoafetivo e reformaria o sistema de saúde, teriam dito que estava sonhando demais.
Depois de agradecer aos cidadãos pelo trabalho conjunto no sentido de recuperar a economia e promover avanços sociais, Barack Obama convocou os norte-americanos a continuarem sendo guardiães da democracia e ampliou o seu slogan de campanha eleitoral: "Yes, we can. Yes, we did". (Sim, nós podemos. Sim, nós fizemos).
Diante do cenário que se desenha com a sucessão, resta ao mundo torcer para que as instituições norte-americanas se mantenham sólidas o suficiente para conter eventuais desvios da rota democrática e humanitária traçada pelo presidente que se despede.