Todos nós ainda estamos horrorizados com a barbárie ocorrida nas penitenciárias de Manaus e Boa Vista. Não podemos nos esquecer também de outros acontecidos: Picos (PI), 2016; Pedrinhas (MA), 2010; Benfica (RJ), 2004; Urso Branco (RO), 2002; Carandiru (SP), 1992.
As prisões são superlotadas. O Presídio Central de Porto Alegre possui 4,9 mil internos, quase três vezes a capacidade máxima. Um verdadeiro barril de pólvora. Esses casos não podem ser analisados isoladamente.
Milhares de cidadãos são assaltados e assassinados nas ruas, nas suas casas, na saída de seus empregos, ao deixar seus filhos nas escolas.
Quantos policiais morrem no serviço; e quantos passam do limite, opressoramente, em manifestações populares. Cada vez mais o tráfico de drogas se alastra, levando os nossos jovens à morte. Que país é este?
A corrupção está no setor público e no privado, nas esferas municipal, estadual e federal, em todos os partidos. Segundo a ONU, o montante desviado é de R$ 200 bilhões por ano. A sonegação de impostos, em 2016, foi de R$ 500 bilhões, segundo o Sindireceitas. Pois é esta corrupção e sonegação que rouba a vida de crianças, de idosos, que morrem por falta de remédio, de vacina, de um leito de hospital, por falta de segurança pública. Sim, isto também é barbárie.
O Estado que deveria ser o mediador é omisso com os problemas nacionais, lava as mãos. E o que se presencia vem de anos e anos – uma disputa de poder pelo poder, de grupos ideológicos e partidários, sem nenhum projeto de nação. As redes sociais estampam muito bem essa realidade e essas discórdias, antagônicas, do "bem" e do "mal", do "certo" e do "errado". Cada um acredita que está com a razão.
Gravíssimo também, pois emperra o crescimento e o desenvolvimento equânime e socialmente justo do país, é "o lucro acima de tudo", sem limite, custe o que custar, mesmo que para isso seja necessário passar por cima da dignidade humana.
Caminhamos a passos largos para o fim do pacto social construído na Constituição Cidadã de 1988, uma das cartas magnas mais avançadas do mundo. Situação assustadora, pois é o desmoronamento dos pilares civilizatórios do nosso país. A quem interessa tudo isso? Salvadores da pátria? Libertadores? Oportunistas? O cenário posto, portanto, é de intranquilidade e requer, sobremaneira, muita consciência de todos nós.