Uns afirmam que o presidente Temer não tem legitimidade política.
Seu mandato decorreu de decisão congressual e não popular.
[Esquecem que sua legitimidade vem da Constituição!]
Querem convocar eleições.
Que eleição seria essa?
Para presidente, com mandato-tampão até 01.01.2019, quando assumirá o eleito em 2018?
Seria a antecipação das eleições de 2018, somente para presidente?
Ou seria a antecipação geral, com eleição também para os cargos de governador, senadores, deputados federais e estaduais?
Em qualquer hipótese, ter-se-ão temas urticantes: desincompatibilização (é da legislação vigente? Será, para uns, de seis meses?); calendário (convenções; campanha eleitoral); financiamento; coligações; etc.
Se for antecipação para presidente, com mandato de quatro anos, estar-se-ia descasando com o dos governadores e dos parlamentares, pois estes seriam eleitos em 2018 (Collor, eleito em 1989 e, os demais, em 1990).
Se for antecipação geral, reduzir-se-ão os mandatos dos atuais governadores e parlamentares.
Qualquer alternativa depende de emenda constitucional transitória.
A emenda teria que dispor, no mínimo, sobre candidaturas e calendário.
Qual o tempo para sua aprovação?
O tempo para a formulação da emenda e para sua tramitação, em dois turnos, nas duas Casas do Congresso.
[E se emenda não dispensar lei de complementação?]
Após a promulgação, ter-se-ão etapas sucessivas: desincompatibilização (seis meses?); convenções partidárias; início e término da campanha; propaganda eleitoral na mídia etc.
A Justiça Eleitoral precisará de tempo para organizar as eleições: registro de candidaturas; impugnações; preparação e distribuição de urnas eletrônicas; secções eleitorais; realização de eventual segundo turno, se a emenda prever; recursos; etc.
Essas questões, e outras, levarão a eleição, no melhor dos cenários, para o final do segundo semestre de 2017.
[Se for para mandato-tampão, o eleito terá, no máximo, um ano de mandato!]
O ano de 2017 seria consumido por árduo debate.
As polarizações políticas, com o ódio de hoje, se aguçariam.
Todos estarão pensando e agindo para as eleições.
E o país, com suas imensas dificuldades, paralisaria.
Essa fórmula, com viabilidade próxima de zero, não terá a eficácia anunciada.
Só agravará a crise.
A solução é apoiar o governo Temer na condução/aceno para a estabilização, o crescimento e o desenvolvimento econômico.
Lembremo-nos da sabedoria de Tancredo, Ulysses, Sarney, FHC e Lula.
Sabiam e sabem que, em política, não se constrói o futuro com a retaliação do passado e não se escolhe interlocutores.
Estes são os que estão aí.
Ninguém mais.
Impõe-se o diálogo responsável.
Tudo pelo Brasil e para evitar que a eleição de 2018 possa ser embolsada pelo ódio, pela intolerância, pelo populismo vulgar e pela desesperança.