O uso do helicóptero do Estado pelo governador Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais, para buscar o filho numa festa de Réveillon é um exemplo de persistência de deformações na administração pública, mesmo com a Operação Lava-Jato e a vigilância crescente dos contribuintes. Esse tipo de prática, comum num passado recente, torna-se mais condenável no momento em que os maiores Estados, incluindo Minas, estão em situação de calamidade financeira, sem condições de pagar em dia sequer os compromissos com os servidores.
No episódio protagonizado pelo governador mineiro, a alegação é de que um decreto de 2005 permite o uso da aeronave pelo chefe do Executivo, levando-o a atribuir a repercussão do caso a uma "campanha insidiosa da oposição". Defensores do petista alegam que durante o governo de Aécio Neves, do PSDB, houve 198 voos de helicóptero bancados pelo governo sem a presença do tucano ou de agentes públicos que justificassem as viagens.
Ora, nada disso serve de desculpa. O que interessa, não apenas para os mineiros mas para todos os brasileiros, é acabar com imoralidades como essa. Dinheiro dos contribuintes não pode ser usado para bancar compromissos particulares, muito menos extravagâncias, de quem tem justamente o compromisso de zelar pela melhor destinação dos recursos arrecadados. É inadmissível que homens públicos insistam em transferir a conta de más gestões para a população sem alterar rotinas que destoam das exigências de austeridade.