Cada grupo que compõe a sociedade tem sua lógica peculiar de agir. Não há nada de errado nisto, apenas demonstra que os valores das diversas atividades têm pesos diferentes e influem na nossa tomada de decisões. Políticos, por natureza, atuam tendo em mente a avaliação que a sociedade lhes dará em resposta às suas intervenções. Como são eleitos para mandatos com intervalos curtos, a sua lógica é oferecer respostas imediatas às demandas do cotidiano da sociedade. Entretanto, problemas conjunturais como segurança, saúde e educação não são resolvidos com medidas emergenciais e de curto prazo. Estes são assuntos de Estado e não do governo que está provisoriamente no poder.
Há anos, o Brasil vem assumindo um protagonismo assustador no tráfico e consumo de drogas. As medidas tomadas até agora foram superficiais, espasmódicas e ineficazes. Para dar uma resposta à barbárie que se instala no país, o governo anuncia que instalará mais presídios em todo território brasileiro. Isoladamente, é mais um ato demagógico, paliativo e descoordenado, sendo o foco principal obter aprovação da sociedade ao invés de atacar o problema em toda a sua complexidade.
No mesmo caminho encontram-se a saúde e a educação no Brasil. A desestruturação da saúde é facilmente detectável nas portas das emergências superlotadas, no fechamento de hospitais, na recrudescência de doenças típicas de países subdesenvolvidos, como tuberculose, sífilis, dengue, entre outras tantas. Também aqui, as soluções propostas para problemas estruturais têm sido demagógicas, imediatas e, previsivelmente ineficazes, tais como: trazer médicos cubanos, aumentar o número de escolas médicas, construção de UPAs e, agora, desembarcar mais de 60 ambulâncias em nosso Estado! Levar doentes de onde para onde? As respostas e a lógica dos últimos governantes para enfrentar a violência e os problemas de saúde que assolam o país de Norte a Sul soam como uma peça de ficção ou deboche.
Repito: saúde, educação e segurança são problemas de Estado, com perspectiva de longo prazo. Devem ser enfrentados por conhecedores do problema, tendo linhas mestras e metas progressivas a serem atingidas. Definitivamente, este não é o papel e tampouco o perfil de políticos e governantes de plantão. Se o Brasil não desenvolver programas consistentes e de longo prazo nestas áreas, além de presídios e ambulâncias, deveremos projetar a ampliação de cemitérios.