Virou polêmica nacional a campanha do Ministério dos Transportes destinada a alertar motoristas sobre condutas perigosas no trânsito. Sob o slogan "Gente boa também mata", as peças publicitárias procuram mostrar que as mesmas pessoas que plantam árvores, recolhem animais abandonados e fazem trabalho voluntário podem causar acidentes fatais quando usam celular ao volante ou cometem outras imprudências aparentemente inocentes.
Faz sentido. Cabe reconhecer que a campanha é oportuna, pela proximidade das férias e das viagens, e certeira no seu apelo, pois chama a atenção para comportamentos que levam pessoas comuns e afáveis a se envolverem em ocorrências de trânsito por distração ou desleixo. Talvez exagere um pouco ao relacionar voluntariado e boas ações com o crime culposo, que é como o Código Penal define uma conduta involuntária que causa danos e que poderia ser prevenida. Mas o propósito parece ser exatamente esse, o de despertar a atenção pelo choque e pela contradição.
É compreensível que cidadãos responsáveis se sintam incomodados com a generalização, mas há também críticas de nítido viés ideológico, por parte de opositores do atual governo. Ora, a questão do trânsito não pode ser relacionada a governantes e partidos políticos. É de todos. Em vez de implicar com a campanha do Ministério dos Transportes, muitas pessoas poderiam adotar atitudes pragmáticas que efetivamente salvam vidas, tais como obedecer à velocidade recomendada nas rodovias, usar cinto de segurança sempre, evitar ultrapassagens arriscadas e jamais dirigir depois de ingerir bebida alcoólica.
Dividir as pessoas entre boas e más é sempre perigoso, pois todos temos defeitos e virtudes. Mas é inquestionável que quem ajuda o próximo, protege os animais, planta flores e se esforça para ser um cidadão responsável corre menos risco de se envolver em acidentes de trânsito se também adotar cuidados ao dirigir.