Depois do acerto definido pelo Rio de Janeiro, chegou a vez de o Rio Grande do Sul negociar diretamente com o Planalto um plano de recuperação fiscal para o setor público gaúcho, que o governador José Ivo Sartori espera fechar em duas semanas. O principal trunfo do Piratini na largada das discussões com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é o fato de o Estado já ter se antecipado na adoção de medidas de austeridade. Nessa condição, o governo gaúcho se habilita não apenas a pleitear a ajuda necessária para um alívio na dívida, mas também contrapartidas menos drásticas que as impostas ao Rio de Janeiro.
O aspecto dramático da situação das finanças gaúchas é que, mesmo tendo se antecipado com ações de rigor fiscal já em 2015, o governo gaúcho não consegue hoje sequer pagar integralmente os vencimentos dos servidores na data prevista. Faltam também recursos para investimentos que, se não forem retomados logo, poderão implicar consequências irreversíveis na qualidade dos serviços públicos. E, de maneira generalizada, o padrão já anda abaixo do aceitável.
Obviamente, seria inadmissível que operações de socorro aos Estados em situação mais crítica fossem autorizadas sem a exigência de contrapartidas, como decidiu a Câmara. Ainda assim, a negociação de planos individuais de recuperação fiscal como a prevista com o Rio Grande do Sul precisa basear-se em exigências factíveis, que acenem com um alívio financeiro temporário, sem a imposição de condições inviáveis na prática.