É alarmante constatar que, em dois anos, o Rio Grande do Sul perdeu 474 leitos hospitalares para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas é ilusório imaginar que basta uma decisão governamental para o problema ser resolvido. A crise financeira do Estado não permite mais soluções contemporizadoras como o pagamento de incentivo hospitalar, criado na administração passada. O que se impõe é a adequação dos hospitais ao momento de crise e a busca de alternativas que contemplem o atendimento básico à parcela da população que depende do setor público.
Na prática, a situação pode ser ainda mais preocupante pelo fato de os números do DataSus, do Ministério da Saúde, não incluírem todos os casos de fechamento de leitos. E, para completar o quadro de dificuldades, muitas instituições beneficentes e filantrópicas estão com os salários dos funcionários em atraso, o que acaba se refletindo de alguma forma na qualidade do atendimento aos pacientes.
Como a penúria financeira tende a continuar nas três instâncias da federação, é preciso que as próprias entidades hospitalares persistam na busca de saídas envolvendo melhorias na gestão. Ainda que a maioria alegue já ter feito o possível, o fato é que não há como aguardar apenas por um improvável reforço estatal no prazo imediato.
O que não pode continuar, de fato, é a tendência acelerada de redução do número de leitos apontada pelo levantamento desde 2014. Os usuários do SUS não podem ser responsabilizados e punidos por uma crise que deveria ter sido enfrentada na origem.