Ainda que o título desta minha última coluna em 2016 remeta à célebre obra de Gabriel Garcia Márquez, não pretendo traçar maiores paralelos entre a morte de Santiago Nasar e a morte do "velho" Brasil, mesmo que a ideia seja bastante sedutora.
O ano vai chegando ao fim e gostaria de poder conversar com os leitores um pouco também sobre o Natal, seu significado e algumas reflexões sobre o crescente nacionalismo e egoísmo no mundo, ou ainda sobre o aspecto da data simbolizar também um momento de nascimento.
A vida é feita de escolhas, afinal, e o ano vai chegando ao fim legando-nos a inescapável conclusão de que muitas das opções feitas se mostraram equivocadas.
Um dos anos mais conturbados da história política e econômica do país. A destituição de mais um presidente da República, a recessão mais forte desde a quebra da bolsa em 1929, a prisão de congressistas, a escalada da inflação, o drible do presidente do Senado em um oficial de justiça, nosso Supremo Tribunal, sem falar nas quase 40 fases da Operação Lava-Jato, acrescidas das recentes movimentações do governo federal em revisitar a CLT, publicar programa de parcelamento de débitos tributários, e algumas outras, acabam impondo-se como assunto em todas as rodas de conversa que tenho participado, o que julgo auspicioso para o futuro.
No âmbito estadual, igualmente as coisas andam movimentadas. Sou um defensor do Jardim Botânico e tantas outras causas e iniciativas nobres; contudo, o fato é que o velho Brasil estava com sua morte anunciada e fizemos nada, ou muito pouco para reverter o quadro que nos trouxe até aqui, a essas difíceis decisões. Será preciso reconstruir o país, o Estado e o município em 2017.
E o único caminho para tanto é um engajamento cívico da população. Ativo e prévio à publicação das leis! Um interesse e uma participação maior nos assuntos econômicos, legais e tributários. Afinal, tudo é construído com o nosso dinheiro (contribuintes). Os ingleses pagam algo em torno de 710 reais por ano para manter a BBC, e há protestos regulares quanto a essa obrigatoriedade, por exemplo. Discussões assim são a verdadeira essência da cidadania, prática há muito esquecida ou negligenciada em terras brasileiras. Pelo que desejamos pagar?
Se o velho Brasil morreu de fato em 2016 e um novo Brasil precisa ser construído, somos nós, cidadãos, que deveremos tomar a trolha, o maço e o cinzel em nossas mãos. Feliz Natal a todos os leitores e a suas famílias e que todos façamos as melhores escolhas no ano que vai nascer.