Dois aspectos chamaram a atenção no pronunciamento que o presidente Michel Temer fez à nação, no último sábado, como mensagem de Natal: a ênfase no enfrentamento da crise econômica, que elegeu como principal meta de seu governo, e a omissão sobre as investigações da Operação Lava-Jato, que também atinge fortemente sua administração. É visível que o Planalto aposta no sucesso de uma agenda positiva na área econômica para legitimar o governo Temer, cuja reprovação só tem crescido. Na última pesquisa do Ibope, subiu de 39% para 46%.
O Brasil tem pressa – afirmou o presidente, com inteira razão, dizendo-se em sintonia com essa expectativa nacional. Lembrou que em poucos meses já promoveu avanços importantes, como a aprovação da PEC do teto de gastos públicos, a reforma do Ensino Médio e o encaminhamento da reforma da Previdência. Assegurou, ainda, que está aumentando investimentos na saúde e que continuará dando total atenção a essa área. Por fim, registrou o retorno da inflação à meta estipulada e prometeu que 2017 será o ano em que o Brasil derrotará a crise.
Tudo isso é verdade, ainda que algumas dessas medidas não passem de boas intenções, pois dependem de aprovação do Congresso e implementação, como é o caso específico da reforma da Previdência. O problema é que o Congresso, assim como integrantes do governo e o próprio presidente, ainda enfrenta o desgaste político decorrente da Operação Lava-Jato, que não deve arrefecer no próximo ano. Ninguém ignora que a delação da Odebrecht atinge em cheio a classe política e pode desmobilizar completamente a base de apoio do governo no parlamento.
A aposta no crescimento é correta, mas o governo tem que entender que os brasileiros só voltarão a acreditar no Brasil – como pediu o presidente – quando as lideranças políticas voltarem a ser confiáveis.