Numa reação à pouca credibilidade da política, evidenciada nas eleições municipais, o Senado aprovou em primeiro turno dois pontos integrantes de uma reforma mais ampla, que ainda precisarão ser confirmados em nova votação pelos senadores e aprovados em duas votações pela Câmara para entrarem em vigor. Uma das medidas institui cláusulas de desempenho eleitoral para os partidos políticos terem acesso ao fundo partidário e ao horário obrigatório de rádio e televisão. A outra acaba com as coligações para eleições proporcionais. Combinadas, as mudanças prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) facilitariam uma redução do número de partidos políticos. Por mais que as legendas menores tenham suas razões para reclamar dessas pretensões, não há justificativa para a existência de tantas legendas.
Atualmente, há 35 agremiações e uma fila de dezenas de pretendentes à espera de aprovação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas não é a quantidade, e sim a qualidade, que contribui para fortalecer uma democracia. O excessivo número de siglas interessa mais aos políticos, não aos eleitores, que se confundem diante de um número tão elevado.
Ao mesmo tempo, a existência de tantas legendas acaba prejudicando a governabilidade. Além de dificultar a formação de consensos, o excesso contribui para o inchaço da máquina pública em todas as instâncias da federação.
Juntamente com a chamada cláusula de barreira, o fim das coligações em eleições proporcionais desestimularia a criação de siglas de aluguel, interessadas apenas no fundo partidário e em negociar tempo de mídia com partidos maiores. As últimas eleições municipais demonstraram na prática que, sob os critérios pretendidos, nada menos de 26 partidos seriam inviabilizados. Mesmo assim, ainda que partidos tradicionais, mas nanicos, possam ser afetados, a aprovação de alguns aspectos da reforma política é uma questão que se impõe.