Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim foi um reformador do pensamento humano. Especificamente, colaborou para a evolução de nossa consciência à aceitação de que a realidade é complexa e que cada coisa não está isolada em si mesma, demandando, pois, uma análise de sua relação com o todo para ser melhor compreendida.
Foi um dos precursores do pensamento sistêmico, da visão holística e de todas expressões afins que estamos habituados a ler e ouvir. Ainda que a percepção de integração da parte ao todo esteja presente em praticamente todos os campos da atividade humana moderna, especulações sobre as relações entre microcosmos e o macrocosmo têm intrigado a humanidade desde os tempos da Grécia antiga, de Sócrates e Platão.
Os extremos opostos sempre se confrontaram, e novamente o estão fazendo, por ocasião de uma primeira aprovação do teto de gastos previstos pela PEC nº 241. Têm sua dose de razão os que a criticam, ao argumento de que, especialmente em saúde e educação, os gastos governamentais são motor do crescimento. Já teve presidente de Banco Central americano advogando essa causa, inclusive. Assim como têm razão os chamados "liberais" que, com lógica aritmética, argumentam que um Estado que repetidamente gasta mais do que arrecada caminha convictamente para o abismo.
Um argumento relativamente ausente no debate sobre a PEC, mas sobre o qual acredito estarmos todos de acordo, é que qualquer proposta de ajuste fiscal é melhor do que a majoração de tributos. No caso, o retorno da CPMF, contribuição economicamente regressiva e, portanto, mais cruel com os menos favorecidos.
Philippus, mais conhecido como Paracelso, disse certa vez: "Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio".
De tributos estamos já, todos, doentes. O aumento da carga tributária em plena crise é mais um sintoma de nossa doença. Para a reconstrução de nossa competitividade enquanto país, especialmente através de melhor serviço público de educação e de saúde, infelizmente, não há um caminho pacífico e unânime.