Eleição é como relacionamento, você só aprende com a experiência e tem muita gente, decepcionada, dizendo que ninguém presta. Tem gente iludida, tem gente esperançosa que não desiste nunca, tem gente que se queixa o tempo todo. Outra coisa que eleição e relacionamento têm em comum é que, goste ou não goste, dá pra dizer que você não pode viver sem. Porque, abstendo-se, que é um direito seu, as escolhas ficam para os outros e essas escolhas dos outros influenciam a sua vida, de qualquer modo.
A questão é se existe, ou não, quem possa corresponder minimamente às suas expectativas. Se hoje em dia está difícil escolher com quem ficar, imagina então escolher em quem votar... Outra analogia é que, quando você gosta de alguém, não falta gente pra falar mal. Com quem você está ou em quem você vota, sempre tem alguém da família ou da vizinhança que vai botar defeito.
Também em comum é a idolatria por quem aparece na TV, seja um big brother ou um candidato, aquela "tela mágica" faz você se encantar pela pessoa. O que, aliás, é o grande problema da política, já que, para conquistar tempo de TV, os candidatos têm de fazer o maior número de coligações possível, o que por analogia você pode comparar com quem tem muitos relacionamentos. Critica-se isso, mas ao mesmo tempo essas pessoas são as mais populares. Há, na "psicologia de massas" e no nosso inconsciente individual, uma grande contradição entre a "moral explícita" que dizemos ter e os nossos desejos mais íntimos.
Para os relacionamentos, existem as terapias, mas nunca ouvimos falar de alguém que fizesse terapia para escolher em quem votar, assunto que fica restrito às conversas de bar. Mas, no fim das contas, mesmo, o que vale é aquele momento íntimo entre você e a urna. Tudo é possível entre quatro paredes, por isso as urnas às vezes surpreendem. Agora é tudo com você e a sua consciência. Que momento!