O histórico do assassino da vendedora Cristine Fonseca Fagundes evidencia o primeiro ponto a ser atacado na cadeia geradora da criminalidade no Estado: a impunidade dos criminosos. Preso várias vezes desde a adolescência, condenado a pelo menos 20 anos de cadeia na soma das condenações, ele acabou beneficiado por regalias do sistema de progressão de penas e pela condescendência do Judiciário, ficando em liberdade para reincidir e para praticar o crime que enlutou uma família e provocou comoção no Estado. A folha corrida do criminoso é um atestado eloquente do fracasso da política de segurança e do sistema prisional rio-grandense.
O primeiro passo, portanto, na cadeia de ações que precisam ser empreendidas para atenuar a criminalidade no Estado é combater a impunidade. Para isso, reconhecem os especialistas, é imprescindível desatar o nó do sistema prisional, com a medida anunciada ontem pelo novo secretário de Segurança, Cezar Schirmer: ampliar as vagas nas penitenciárias. Com os presídios superlotados e presos retidos provisoriamente em delegacias, a polícia fica desmotivada para prender mais criminosos, os juízes se sentem compelidos a flexibilizar as penas e os delinquentes ficam livres para agir, além de se sentirem seguros de que "não vai dar em nada".
Evidentemente, não basta apenas construir novas penitenciárias ou utilizar plenamente presídios como o de Canoas. O governo e a sociedade precisam atacar em todas as frentes, da educação à criação de espaços públicos e atividades que afastem os jovens das drogas e do crime. Mas o urgente, neste momento de calamidade pública e pânico, é tirar criminosos de circulação e evitar que episódios como o da morte da vendedora continuem atormentando a vida dos gaúchos.
A impunidade é, inquestionavelmente, o primeiro inimigo a ser enfrentado.