São estarrecedoras as distorções reveladas por um simples levantamento dos gastos com diárias de políticos e servidores das Câmaras de Vereadores de cidades da Região Metropolitana e de Porto Alegre. Em rotineiras visitas a municípios limítrofes e a diferentes destinos pelo país, legisladores torram dinheiro público de forma injustificada, sem devolver benefícios às comunidades que os elegeram e sem assegurar resultados significativos à administração, como prevê a lei. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) está atento às irregularidades, mas os munícipes ainda precisam desenvolver mecanismos para vigiar e, principalmente, para prevenir gastos indevidos.
Já é inconcebível que, em muitos municípios, as Câmaras sejam contempladas com uma parcela considerável dos orçamentos, mesmo quando os montantes são insuficientes para atender a demandas básicas da população, como saúde pública e conservação de ruas, por exemplo. Quando a essa gastança com os Legislativos em meio à escassez de verbas se soma a falta de cuidados mínimos com os dispêndios, cria-se uma situação que não tem como ser aceita, ainda mais em pleno período de campanha eleitoral nos municípios.
Como admitir, por exemplo, que um vereador precise viajar apenas alguns quilômetros até Porto Alegre para ter direito a pagamento extra, como demonstra a reportagem do Diário Gaúcho? Ou, então, que apenas os Legislativos de Gravataí e Alvorada gastem mais em diárias do que o de São Paulo, o maior do país?
É preciso maior clareza na relação entre gastos e verbas municipais, para facilitar o trabalho de fiscalização. Mas é imprescindível, acima de tudo, que os políticos em geral repensem sua visão sobre o uso de dinheiro público, que precisa ser feito sempre com zelo e parcimônia.