Deflagrada pela Polícia Federal em oito Estados, incluindo o Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, a Operação Greenfield ataca um descalabro da administração pública, que é a gestão temerária e fraudulenta de fundos de pensão de empresas estatais. Alguns dos maiores fundos do país, que há anos são prejudicados por desvios, se prestam a todo tipo de fraude. Não por acaso, estão associados de diferentes formas a todos os grandes escândalos de corrupção investigados no país na história recente, e acumulam irregularidades que, só nos casos agora sob investigação, levaram ao bloqueio de R$ 8 bilhões.
As razões desse absoluto descaso com o dinheiro destinado a assegurar uma complementação de renda depois da aposentadoria de servidores são múltiplas. Falta transparência a essas instituições, que funcionam como verdadeiras caixas-pretas. Além disso, a fiscalização é falha, incluindo a exercida por auditorias, muitas das quais foram intimadas agora a prestar esclarecimentos. E, o que é mais grave: fundos de pensão de estatais no Brasil são vistos sempre como verdadeiros cabides de empregos para líderes sindicalistas e políticos aliados de quem está no poder.
Essa particularidade ajuda a explicar tanto descuido no uso de recursos que, em parte, são públicos, pois provêm de contrapartidas de estatais, na condição de empregadoras. Demonstra também por que o mau gerenciamento no setor se mantém há tanto tempo no país, mesmo depois de sucessivas denúncias de malversação de cifras bilionárias.
Seria providencial que, desta vez, a operação da Polícia Federal se constituísse finalmente num marco contra a impunidade nessa área. É inadmissível que o dinheiro destinado a assegurar maior renda para servidores na aposentadoria continue a ser desviado com tanta desfaçatez.