A calamitosa situação do Badesul, revelada pela reportagem investigativa que Zero Hora começou a publicar ontem, evidencia os danos da gestão irresponsável de órgãos públicos para o Estado e para os contribuintes. Numa primeira apuração, foi constatado um rombo de R$ 140 milhões nas contas do banco, decorrente de empréstimos sem garantia e também da crise econômica que levou empresas a não honrar seus compromissos. Mas a crise não pode servir de desculpa para gestores que tinham o dever de zelar pelos recursos públicos e de condicionar as operações do banco de fomento à observância rigorosa às normas do Banco Central.
Na administração passada, foi feito exatamente o contrário. Sob o pretexto de injetar recursos no desenvolvimento e na modernização da economia gaúcha, o Badesul assumiu riscos demasiados, avaliou mal garantias oferecidas pelos beneficiários, algumas delas claramente hiperdimensionadas, concentrou empréstimos em poucos clientes e fez negócios de baixa rentabilidade. Empresas de grande e médio portes fizeram empréstimos volumosos, descumpriram o compromisso de investir e gerar empregos – e ficaram inadimplentes. A dívida ficou com o banco, com o governo do Estado e, na parte mais frágil da corrente de incúrias, com o contribuinte.
O Badesul está quebrado, mas continua gerando prejuízos para todos. Menos para políticos ligados ao governo de plantão, que sempre encontram uma diretoria ou um cargo para se colocar quando não se elegem. É o que continua ocorrendo atualmente. Diante de tal descalabro, cabe questionar se o Badesul continua sendo necessário ao Estado, que já conta com o BRDE e com o próprio Banrisul para promover operações de crédito e investimento na economia gaúcha. Ou as corporações empenhadas na manutenção do banco público têm alternativa para custear o rombo da má administração sem onerar ainda mais o contribuinte?