Virou lugar-comum dizer que as eleições deste ano serão diferenciadas. Não pelas novas regras limitadoras, desde o financiamento de campanha até a redução do tempo de exposição na propaganda de rádio e TV, mas pelo papel moralizador que o eleitor passou a ter a partir das grandes mobilizações populares.
Neste pleito, diretamente afetado pela Operação Lava-Jato e pela crise financeira, a sensação é de que ele representa o início de um amplo e necessário processo de depuração do que realmente é política de interesse público e o que é politicagem.
Mas, se por um lado o eleitor se mostra menos disposto ao engodo eleitoral, por outro vê aumentar a sua responsabilidade enquanto agente da transformação necessária. Não há mais lugar para a ingenuidade ou para o desinteresse pela política.
O descrédito com a classe política mostra que estavam certos aqueles que diziam que o voto tem consequência e que o destino dos homens e mulheres que não se interessam pela política é serem comandados por pessoas de índole duvidosa, que se aproveitam da política para o alcance de objetivos nada republicanos.
O ponto de partida desse novo momento passa, inexoravelmente, pelo interesse pela vida pregressa dos candidatos, seja como cidadão ou político. E, mais, pelo conhecimento das cartilhas doutrinárias dos partidos que eles representam.
Mas, acima de tudo, o eleitor deve certificar-se de que o pretendente ao seu voto está realmente comprometido com aquilo que tem importância social. E praticar a tolerância zero para com aqueles que, no passado, prometeram e não honraram o compromisso.
Se governar é eleger prioridades, propor medidas estruturantes em áreas vitais para a qualidade de vida da população, como educação, saúde e segurança, é imprescindível. Por isso, não dá para criar expectativas com candidatos que pulverizam propostas sem um norte definido. Muito menos com aqueles que escondem ou disfarçam suas reais intenções.
Afinal, honestidade, transparência e competência são pré-requisitos basilares para quem se propõe realizar um mandato ou uma gestão realista, objetiva e bem-intencionada.