O aspecto mais impressionante revelado pela primeira pesquisa Ibope para as eleições municipais é a avaliação desfavorável dos governantes nas três esferas da federação – municipal, estadual e federal. Os números refletem amplo desencanto dos cidadãos com os políticos, pois mesmo candidatos posicionados no topo da pesquisa têm alta rejeição. São sinais claros de que a resposta dos governos e dos políticos para os movimentos de rua de 2013 não foi suficiente.
No caso específico de Porto Alegre, chama a atenção que nada menos de 30% dos entrevistados admitam não ter nenhum interesse no pleito de outubro. Isso significa que os candidatos em campanha, a ser intensificada a partir de sexta-feira com o início do horário eleitoral obrigatório, precisarão se desdobrar para motivar os eleitores a se interessarem por seus planos em relação à Câmara ou à administração municipal.
São compreensíveis e ao mesmo tempo lamentáveis tanto a má avaliação dos políticos quanto o desinteresse generalizado pelo que fazem ou prometam vir a fazer. Não há democracia sem políticos ou sem eleições. Por isso, seria importante que a campanha eleitoral fosse aproveitada também para um mea-culpa de erros crônicos, incluindo o mau uso de dinheiro público, e para uma mudança radical da forma de fazer política, redirecionando-a para os reais interesses dos eleitores, o que está longe de ocorrer até agora.