Passada a primeira metade dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, já fica claro, como era previsível, que o Brasil não inscreverá tão cedo seu nome entre as principais potências olímpicas mesmo que bata o seu recorde de conquista de medalhas nesta edição. A não ser em modalidades específicas, como vôlei, vôlei de praia e o próprio futebol, continuamos distantes de países que investem mais no esporte e que possuem cultura esportiva diversificada – a exemplo de Estados Unidos, China, Japão, Austrália e vários europeus. Considerando-se a inequívoca paixão dos brasileiros por esportes e a importância da atividade física para a saúde e a autoestima das pessoas, é necessário que os governantes e a sociedade rediscutam a questão dos investimentos na infraestrutura esportiva do país e na formação de atletas.
Não há como ignorar que o Brasil tem prioridades mais urgentes. Diante da crise econômica, do desemprego e até mesmo das crônicas carências em áreas básicas como saúde, educação e segurança, pode parecer heresia defender mais investimentos no esporte. Mas não é. Políticas públicas direcionadas às áreas referidas podem muito bem incluir estímulo à prática esportiva, pois já está comprovado que o esporte é um recurso poderoso para auxiliar a saúde pública, para desenvolver a disciplina e o respeito às regras, e também para preservar crianças e jovens da criminalidade.
Não se trata de investir apenas na formação de atletas de elite, para competir e conquistar medalhas. O fundamental é apostar na massificação e na oferta de infraestrutura esportiva adequada para que as pessoas se sintam estimuladas a conhecer e praticar as diversas modalidades esportivas. De um ambiente assim é que tendem a surgir, naturalmente, os campeões.
Escolas, clubes e universidades, além de espaços públicos como praças e parques, podem ser transformados, com pouco investimento, parcerias e políticas adequadas, em ambientes propícios à formação de campeões – se não olímpicos, pelo menos de cidadania.