Depois do desempenho do Brasil na Olimpíada do Rio, com recorde de medalhas, mas abaixo das previsões do próprio Comitê Olímpico Brasileiro, renova-se a necessidade de repensar investimentos nos programas de estímulo ao esporte. O salto olímpico da Grã-Bretanha depois dos Jogos de Londres é uma inspiração que precisa ser seguida. Os britânicos, na verdade, começaram a investir fortemente na formação de atletas depois da Olimpíada de Atlanta, em 1996, quando voltaram para casa com uma única medalha de ouro e atrás até mesmo do Brasil na classificação geral. Agora, também devido aos desfalques da Rússia, conquistaram a segunda colocação, perdendo apenas para a superpotência Estados Unidos.
O que houve depois de Atlanta? Um plano do governo dividiu o esporte britânico em duas frentes: alto rendimento, financiado por investimentos incentivados e loterias, e comunitário, de maior amplitude, voltado mais para a saúde da população do que para a descoberta de campeões. A partir daí, os prêmios começaram a se acumular. A visão profissional é tão séria, que até sofre restrições internas: o esporte que ganha mais medalhas consegue mais recursos para o ciclo olímpico seguinte e o que ganha menos tem as verbas reduzidas ou até cortadas.
Mas está funcionando.
É evidente que o Brasil tem que tomar cuidado para não entrar no que os críticos britânicos chamam de histeria olímpica, que consiste em fazer gastos desmesurados em busca de medalhas. Nosso país nem tem condições econômicas para tanto. Mas, com criatividade, pode-se fazer um bom plano de investimentos no esporte sem custos demasiados para a sociedade, por meio de gastos públicos transparentes e parcerias com escolas, universidades e iniciativa privada. Exemplo é o Programa Atletas de Alto Rendimento (Paar), parceria entre o Ministério da Defesa e o Ministério dos Esportes, que apoiou 145 dos 465 atletas brasileiros que participaram da Olimpíada.
O amor inequívoco dos brasileiros pelos esportes e pelos seus campeões justifica plenamente esse envolvimento do poder público com os atletas.