Recém sancionada, a nova Lei das Estatais limitou em parte a ocupação da máquina pública em âmbito federal por critérios meramente de indicação política. Ainda assim, manteve à disposição de partidos da base aliada um amplo leque de indicações a postos de destaque e bem remunerados, cuja disputa na maioria das vezes assume ares de batalha, como se verifica, no Rio Grande do Sul, no comando do Grupo Hospitalar Conceição. Novas exigências legais, como a experiência de 10 anos no setor ou quatro anos em postos de diretoria, serviram mais para acirrar a disputa entre quem tem poder político para fazer indicações.
Mesmo com as dificuldades financeiras do setor público, que vai para o quarto ano consecutivo com previsão de déficit fiscal considerável, as oportunidades salariais da máquina pública federal seguem atrativas. Só no âmbito da União, há quase 2 mil cargos de chefias e postos de assessoramento ocupados por livre indicação. Nos três poderes, um em cada três funcionários públicos federais ocupa algum cargo ou função comissionada. Em muitos casos, a ocupação da vaga ocorre por indicação política, dando margem a deformações que incluem inclusive a corrupção.
Cargos públicos, ainda mais num país carente de recursos para prestar serviços de qualidade aos contribuintes, não deveriam jamais se prestar para barganha. Em momentos de indefinição política como o atual, porém, o que se constata é a intensificação desse verdadeiro balcão de negociações para atender a interesses específicos, não os do conjunto da sociedade.