Nós, brasileiros, ao longo de nossa história e de nossas crises, sempre acreditamos ser o Brasil capaz de um dia, tal qual o mito grego da Fênix, renascer das cinzas e voar para um futuro prodigioso e feliz. Era nossa mitologia.
Hoje, onde está a esperança? Nossa dívida pública, o déficit fiscal, a taxa de inflação, os juros de 14%, a carga tributária de 38%, a depressão econômica e o alarmante contingente de 11,4 milhões de desempregados não deixam margem para ilusões.
Vemos, também, o país mergulhar no horror da falência do sistema político, com a vigência de regras que não representam a vontade do povo brasileiro e com a decadência de nossas figuras públicas, seus currículos e reputações queimadas em praça pública a partir de denúncias de envolvimento em sucessivos casos de corrupção.
A Operação Lava-Jato veio para ficar e é bom que seja assim. Estou certo de que depois de o país arder nas brasas de uma realidade assustadora, haverá, sim, a expectativa de um renascer. Das cinzas da Lava-Jato, deveremos construir um projeto de futuro, buscando recuperar nossa credibilidade aos olhos dos mercados nacional e internacional, para que aqui aportem novos investimentos, movimentando a economia, gerando empregos e promovendo a inclusão social.
Acredito que a esperança está onde deve estar: em nossas instituições. O que vivemos agora é a chance de o país encarar sua verdade e, a partir dela, criar condições sólidas para seu desenvolvimento. Dentro das regras democráticas, como todo o processo tem ocorrido, e sob a liderança do presidente Michel Temer, poderemos fazer deste momento um paradigma de avanço político, moral e econômico.
Valorizemos, pois, a Lava-Jato, a autonomia da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Trata-se da história se movimentando sem a ação de um poder moderador que atropele o tempo de liberdade em que vivemos. E saudemos a sociedade brasileira, que deverá encerrar este episódio com maturidade para escolher e fiscalizar seus representantes, reforçando e garantindo a democracia.
Assim como a ave mitológica, derrubadas as máscaras, vamos acreditar que o Brasil poderá voar altiva e soberanamente rumo a um futuro condizente com sua grandeza.