Eduardo Cunha é a mais acabada síntese da crise política brasileira por três razões. A primeira pelo poder que tem na Câmara dos Deputados, que extrapola para o Executivo, esteja este nas mãos de Dilma ou de Temer. Tem uma bancada própria, chegou à presidência e manipulou o processo de impeachment e a Comissão de Ética segundo seus interesses. Pouco importa se será ou não cassado nas próximas semanas, seu poder e sua capacidade de se manter no poder são uma síntese da crise da engenharia política institucional que sustentou a chamada Nova República. O presidencialismo de coalizão, que a princípio deveria ser sustentado por uma articulação de forças que conseguisse construir um projeto minimamente comum, tornou-se um troca-troca de favores pouco respeitáveis. A liderança de Cunha é prova da falência.
Artigo
Céli Pinto: Cunha, a síntese da crise
Cientista política, professora do Departamento de História da UFRGS