O mínimo que alunos e professores podem esperar depois da depredação registrada no último fim de semana na Escola Estadual Erico Verissimo, em Porto Alegre, é o cumprimento da promessa de retomada normal das aulas em agosto. Alguns danos são irrecuperáveis, como a destruição de material didático. Por isso, o compromisso do poder público precisa ser o de consertar os estragos físicos em tempo recorde, além de garantir o clima de tranquilidade necessário para o aprendizado. Uma condição para isso é maior presença do Estado em regiões conflagradas pela atuação de facções criminosas, como é o caso da escola vandalizada, que já enfrenta a rotina de constantes tiroteios.
Infelizmente, os dramas enfrentados em instituições de ensino localizadas geograficamente em áreas mais vulneráveis à violência são rotineiros. Assim como a Erico Verissimo foi obrigada a antecipar as férias de inverno devido à destruição de pelo menos 30 de suas 40 salas de aula, outros seis colégios da Capital precisaram modificar suas rotinas recentemente, por medo da violência e da ação de traficantes. Não há maior atestado de falência do poder público quando os governos nem sequer conseguem assegurar proteção às escolas.
No caso da instituição do bairro Jardim Carvalho, chama a atenção que o problema tenha sido registrado logo depois da presença da Brigada Militar no local para debater questões ligadas justamente à violência. Esse tipo de iniciativa, mesmo incomodando alguns segmentos da comunidade, precisa ser mantido, pois contribui para indicar as origens da criminalidade, associadas à falência de valores, e para a adoção de medidas preventivas.
Por mais que o poder público tenha responsabilidade nesses casos, alternativas como a de manter policiais em todas as escolas 24 horas por dia são inviáveis. Só a punição dos culpados e a consciência coletiva de que escolas devem ser território imune a vandalismo podem levar à prevenção de tais atos.