Pela primeira vez, o presidente interino Michel Temer é citado oficialmente numa delação premiada da Operação Lava-Jato. Ao apresentar uma extensa lista de políticos de vários partidos que teriam sido beneficiados por propinas disfarçadas de doações eleitorais, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse que o vice-presidente no exercício da Presidência intermediou um repasse de recursos ilícitos para a campanha do candidato à prefeitura de São Paulo pelo PMDB Gabriel Chalita. Segundo o denunciante, embora não tenha sido beneficiário dos valores desviados da subsidiária da Petrobras, Temer não apenas tinha conhecimento do esquema ilegal como também autorizou o envio do dinheiro para o então correligionário, que atualmente está no PDT.
A delação de Sérgio Machado aponta como receptores da propina mais de 20 políticos de seis partidos diferentes, entre os quais os já apontados caciques do PMDB Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney e Henrique Eduardo Alves, lideranças importantes do PT como os ex-ministros Ideli Salvatti, Edson Santos e Luiz Sérgio, a senadora Jandira Feghali, do PC do B, o ex-senador falecido Sérgio Guerra, do PSDB, José Agripino Maia, do DEM, e até o governador interino do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, do PP. Aécio Neves, do PSDB, também foi citado pelo delator como articulador de doações a 50 deputados federais no ano 2000.
O mais preocupante é a afirmação do delator de que todos os políticos referidos por ele conheciam o funcionamento do esquema de corrupção na estatal, que consistia na doação de recursos ilícitos por parte de empresas privadas que, em troca, garantiam contratos com a Petrobras. Depois, a propina era transformada em doação legal, registrada na Justiça Eleitoral. Por isso, os acusados continuam dizendo aos quatro ventos que só receberam contribuições legais.
Agora, porém, cabe à Justiça decidir quem está dizendo a verdade – e punir devidamente os mentirosos e os corruptos.mentirosos e os corruptos.