A elevação do número de desempregados para 11,4 milhões, com uma taxa de desocupação de 11,2% no trimestre até abril deste ano, dá uma dimensão exata de uma das consequências mais drásticas da crise econômica. Um agravante do quadro é que, para cada posto de trabalho perdido, surgiram duas pessoas à procura de uma oportunidade com carteira assinada, o que aumenta o compromisso dos responsáveis pela definição de políticas econômicas. Sem uma recuperação imediata do setor produtivo, hoje na dependência de maior estabilidade política, a tendência é de a deterioração do mercado de trabalho se agravar ainda mais, o que é lamentável.
Os dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são inquietantes por ratificarem o quanto a população de maneira geral é quem mais arca com o custo de equívocos na gestão econômica e nas tentativas frustradas de corrigi-los. Mesmo quem conseguiu garantir sua vaga em meio às turbulências está ganhando menos, na média. E, no intervalo de um ano, o contingente de desempregados em busca de inserção foi acrescido de um total de 3,4 milhões de pessoas. É um número elevado demais e contrastante para um país que, há pouco tempo, comemorava percentuais de desemprego dentro dos limites aceitáveis.
A ampliação dos níveis de emprego e de renda precisa ser vista como prioridade absoluta e depende acima de tudo do restabelecimento da confiança na economia. O país precisa criar logo os pressupostos para facilitar o crescimento e gerar mais vagas, que incluem ações imediatas e reformas estruturais em favor da retomada da economia.