Dia 12, o Senado Federal instaurou o processo de impeachment.
A presidente foi afastada por 180 dias.
Assumiu o vice-presidente, temporariamente.
Entrevista e manifestação, de um e de outro, foram feitas.
O passado, junto com o presente e o futuro, foram analisados.
Explicações, justificativas e promessas.
A função do vice-presidente, até a decisão final do Senado Federal, é transitória.
Por ora, o vice-presidente se encontra no exercício interino da Presidência da República.
Após o julgamento final do Senado, se for pela procedência, o vice passará à condição definitiva de presidente da República.
Estas nuances jurídicas não consistem em determinantes políticas.
A posição política é outra.
O vice-presidente, não obstante a interinidade, deve conduzir-se como titular.
E assim iniciou.
Reduziu ministérios, nomeou ministros e anunciou diretrizes.
O presidente, politicamente definitivo e juridicamente interino, deve tratar com o presente e o futuro.
Enfrentará a crise econômica atual, produzida no passado, para solucioná-la no futuro: no curto, médio e longo prazo.
A interinidade jurídica não pode impor restrições à gestão da crise.
O Brasil não pode esperar.
Pretender que qualificações jurídicas devam impor comedimento político é perverso para o país.
Além do mais, teremos os problemas que o grupo decaído anuncia que causará ao novo governo, através dos seus "exércitos".
O novo governo não deve reagir a eventuais provocações.
Deve-se assegurar a esse grupo os espaços para que as provocações possam ser uma catarse.
A razão e, mesmo, o cansaço exigem a precedência de uma catarse.
No entanto, essas ações não podem extravasar o limite fluido do aceitável.
O modo conhecido dessas provocações consiste, em grande parte, na lesão de direitos de ir e vir, na perturbação da rotina da população, na depredação de áreas públicas e privadas etc.
Entender-se-á que os seus autores anseiam e almejam uma reação das autoridades a tais condutas.
Quanto mais radical a reação, melhor para os objetivos da provocação, inclusive, com a produção de vítimas.
Essa estratégia e modo operacional exigem comedimento e sabedoria.
É o que se espera do governo frente a eventual e prometida convulsão – nominada de "luta política" – que, ao fim e ao cabo, visa manter a paralisia imposta ao país pelo mesmo grupo.
É momento de lucidez.
Não de ódio.