Chamaram a atenção os pronunciamentos dos deputados quanto da votação.
Diversas "homenagem": à família, à cidade natal, à região etc.
Um deputado pretendeu que o seu filho votasse em seu nome!
O presidente impediu.
Essas manifestações foram objeto de chacota.
Alguns sentiram falta dos animais de estimação, das amantes, dos vizinhos etc.
Outros discutiram a qualidade dos parlamentares, que seria atestada pelas "surpreendentes" manifestações.
Vários aplaudiram o voto "sim" e repudiaram a verbalização.
De um lado, aplausos e, de outro, repúdio ou chacota.
Os votos "sim" atenderam à expectativa de parte expressiva do eleitorado.
Logo, os parlamentares bem representaram esse eleitorado.
A objeção foi quanto ao modo pelo qual foi expresso o voto.
Nada contra o conteúdo do voto expressado.
A verbalização teria contaminado a representação?
Isso nos remete a tema da representação política.
Disseram vários que o parlamento de hoje é de baixa qualidade, porque a maioria de seus integrantes não teria conhecimento e cultura que seriam exigíveis.
Compararam, uns, com os membros da Assembleia Constituinte de 1987/1988.
Atribuem a estes qualidades que os de 2015/6 não teriam.
Os de 1987/88, na sua maioria, se conduziam de outra forma no parlamento e na votação do impeachment de Collor.
Vários tinham qualidades intelectuais e culturais pouco encontráveis nos de hoje.
Será que essa constatação desqualifica o parlamento de hoje quanto a sua representatividade?
Não creio.
As qualidades do parlamentares de 1987/88, mais elitizados, eram, na maioria, superiores às de hoje.
Dessa constatação, se verdadeira, poder-se-ia concluir que o parlamento de 1987/88 era mais representativo que o de hoje?
A resposta "sim" tem fundamento em exigência equivocada:
- qualidades intelectuais, culturais, políticas e pessoais seriam condicão necessárias da representação.
Concluem que, sem tais qualidades, não há representação.
Isso nada mais é do que um elitismo que leva à negação do voto universal:
- só devem votar aqueles que podem escolher representantes qualificados!
E quando um representante é qualificado?
Quando é instruído, tem curso superior?
Quando tem certa renda, com na Constituição Imperial de 1824?
Ou seja, quando integra uma elite minoritária da sociedade?
Teríamos que fazer um "censo literário" (expressão de José Bonifácio, o Moço, quanto à lei de 1881 que proibiu o voto ao analfabeto)?