A escolha de Spotlight - Segredos Revelados como melhor filme na cerimônia do Oscar foi um reconhecimento ao trabalho do diretor Tom McCarthy e equipe, mas também ao jornalismo investigativo e profissional, exemplarmente representado por profissionais do jornal The Boston Globe, que denunciou a pedofilia na Igreja. A aclamação do filme pelo público também pode ser encarada como um aval para a importância do jornalismo responsável para a sociedade e para a própria democracia. Por mais que a internet esteja impondo hoje profundas mudanças no modelo de negócio da comunicação, o jornalismo sobrevive e sobreviverá nas plataformas que o público escolher e prestigiar, pois essa continua sendo uma forma poderosa de fortalecer a cidadania, a justiça social e os direitos humanos.
É difícil, para quem acompanha a rotina de uma apuração jornalística no início dos anos 2000, quando a internet ainda era incipiente, admitir que a imprensa passou por tantas transformações. Nesse curto período de tempo, empresas jornalísticas comprometidas com a seriedade da informação têm procurado até mesmo se antecipar às mudanças, buscando garantir espaço num cenário ainda impreciso. A cada dia, porém, fica mais evidente que o jornalismo de qualidade prevalecerá sobre o conteúdo superficial, de baixo ou nenhum custo.
Um dos méritos do filme, que comprova a extensão das denúncias até no Brasil, é justamente o de conseguir prender a atenção do grande público ao longo de 128 minutos, numa época em que tudo parece voltado mais para o imediatismo. É de audiências assim, seja em qual for o meio, que depende o futuro do jornalismo independente e transformador, compromissado com a informação de qualidade.